"Sobre a impossibilidade de se amar"
Que se acredite que poder-se-ia acreditar num lugar,
onde se vincularia a emoção, do sentir,
num canto belo, ao qual se corresponde,
numa definição que se pede,
que se pretende, perguntar-se-á sobre o amor,
como amar, se ninguém o verdadeiramente amou?
Amou-se a realização do acto,
Amou-se o corpo são e sexuado,
Amou-se o material que se foi tendo, e gastando, e tendo, e gastando,
Amou-se a imagem que se refletia à impossibilidade de quem o criou,
Amou, o coitado, a sua perfeição contida no outro,
Amou o coitado, mudando-se, de fio a pavio,
Sem nada que acrescentar, sem nada de bom que realçar,
Que haja a critica, à puta que se pariu em torno de si,
Que o amor nesse caso seria uma mentira, que se diga que não se sinta dor, porque se sente,
Mas a perpetuação seria sádica e masoquista,
a perpetuação dessa dor de não ser amado, e de não amar, será sempre o motor,
esse motor da indefinição, dum vazio constante, duma morte desejada mas nunca, nunca, nunca alcançada...
Porque verdadeiramente se adapta, e se massacra, e de deprime, e se mata,
Diria o louco que por amor,
mas hoje escrevo, talvez em medida de sufoco e esperança de que um dia,
a mudança seja realçada,
quanto mais falar no ser livre,
porque sou livre,
porque sou livre,
de liberdade,
e não de interditos vorazes,
e não de impossibilidades porque a outra não se ama,
Dizia o poeta para si, amor que não se ama, irrealidade que se intromete,
Diria eu, puta que pariu, sou um gajo livre, que se foda à prisão de quem não sabe amar.
João Almeida
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