sexta-feira, 22 de setembro de 2017

** "A um Poeta"



"A um Poeta"


Longe do estéril turbilhão da rua, 
Beneditino, escreve! No aconchego 
Do claustro, na paciência e no sossego, 
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! 
Mas que na forma de disfarce o emprego 
Do esforço; e a trama viva se construa 
De tal modo, que a imagem fique nua, 
Rica mas sóbria, como um templo grego. 
Não se mostre na fábrica o suplício 
Do mestre. E, natural, o efeito agrade, 
Sem lembrar os andaimes do edifício: 
Porque a Beleza, gêmea da Verdade, 
Arte pura, inimiga do artifício, 
É a força e a graça na simplicidade. 

Olavo Bilac


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